11 de dezembro de 2014

UMA CONFRATERNIZAÇÃO DIFERENTE



Este ano a proposta da minha chefe para a nossa confraternização de meninas de final de ano (que sempre acontece num restozinho charmoso e fancy) foi de fazermos uma festa de natal num abrigo de crianças carentes. Todo mundo amou a idéia. Cada pessoa apadrinhou uma criança e recebemos uma lista humilde e simples de pedidos das crianças para presentear. Coisas bem simples: sempre era uma roupa ou um brinquedo, bem tradicional… uma menina nos espantou com seu pedido porque era um pijama de inverno em pleno verão… com certeza sentiu frio em algum momento do ano e não queria passar por isso de novo. A criança mais nova era um bebezinho de 11 meses e o mais velho tem 16. Ficamos todas muito comovidas com as histórias pessoais de cada criança que recebemos quando apadrinhamos. Histórias difíceis, sofrimento, abandono, maus tratos. 


A proposta de proporcionar uma tarde feliz para essas crianças animou a todos.
E assustou também. Me assustou.
Sempre tive vontade de visitar um desses lugares e ajudar, mas nunca soube se tinha estômago para ver isso de perto, para presenciar estes sentimentos. 
Mas diante deste convite achei que o chamado estava feito e era hora de enfrentar esse momento de uma maneira feliz. Levando o meu melhor para o meu afilhadinho e para as outras crianças que convivem com ele no abrigo.

As meninas que trabalham comigo são muito queridas. Uma força tarefa feminia poderosa. Todo mundo se empenhou com o seu melhor para viver este momento. Todas se doaram da forma mais linda. Ao chegar na casinha (abrigo) cada uma foi circulando e conhecendo as crianças que vivem lá. Fomos recepcionadas por algumas delas super produzidas, cheirosas, maquiadas, queridas. Recebemos abraços apertados, abraços de lado, abraços contidos, olhares. Toques de mão leves, toques apertados.

A maior alegria deles era descobrir qual presente pertencia a qual criança. A maioria não sabia ler e perguntava pra gente de quem era esse ou aquele presente. O meu afilhado ganhou uma sacolinha com uma roupinha e um brinquedo. Fiz um desenho pra ele do papai noel com o nome dele bem grande e preguei fora da sacola. Acho que ele gostou mais do desenho do que do brinquedo. Disse que iria guardar no album de histórias dele. Me perguntou se eu voltaria amanhã. Eu disse que não mas que a gente iria se ver de novo.

Vi duas meninas se apresentando com uma música natalina que fez todo mundo chorar e que falava que a coisa mais importante da vida é o amor.  Claro que é o amor. Esse sentimento que move a gente para todos os tipos de relações da vida. Me senti muito grata por ter participado disso, por ter vivido esta experiência. Fiz um esforço imenso pra não me misturar naquelas histórias. Pensei como a gente precisa de sorte pra nascer. Pra nascer em uma família que te queira, que te ame, que cuide de você. 

A minha energia ficou pequenininha no final do dia. Sobrou um fiapo de energia. Mas meu coração ficou inchado. Eu me esgotei mas também me inundei. E tenho certeza que este dia foi uma sementinha dentro de cada criança que a gente encontrou. Claro que no meio de tanta dificuldade uma luzinha única não faz verão. Mas acho que pode ser o início de um novo olhar para começar a ajudar.

Tive a certeza do que todo mundo fala, de que quando você doa, você ganha mais do que quem recebe.

Mas precisa ter força e coragem para encarar emoções fortes.
E amor para doar. 
E alguém que te impulsione a fazer isso e não desistir no meio do caminho. 
E olhar fora da caixa. E ver que o mundo é muito grande pra gente se resumir apenas ao nosso pequeno circle of trust.

Acho um bom pensamento para o final do ano.

Gratidão infinita pela minha vida, pela minha sorte, e por poder fazer parte disso.





5 de dezembro de 2014

A DANÇA DAS NOSSAS MÃOS







Quando você nasceu, nossos olhares se encontraram, você veio imediatamente para o meu colo sentir meu cheiro, senti seu coração e claro, toquei suas mãozinhas… foi a primeira vez que nossas mãos se encontraram… mal sabia eu, que desse dia em diante nossas mãos se entrelaçariam tanto e que você gostaria tanto de ter a minha mão por perto…  

Todas as vezes que você mamava, você segurava a minha mão com suas mãozinhas… o seu toque foi evoluindo e ficando mais forte… você fazia a dança das mãos a cada mamada… ficava enrolando seus dedinhos nos meus, mexendo na minhã mão, explorando cada espacinho entre a minha mão e a sua… eu achava mágico e peculiar. Um movimento totalmente seu. Cinestésico, sim eu tinha um filho totalmente cinestésico. 

Na hora de dormir acontecia a mesma coisa. Depois de te ninar no colo, quando colocava você no berço, vc queria um aconchego de mão…. Se acordava chorando no berço, uma mão era capaz de acalmar você, principalmente a minha mão. Sempre foi assim. Você se deitava e mesmo dormindo, gostava de dormir segurando a minha mão. 

Depois disso foi crescendo e começou a aprender que minhas mãos poderiam te levar para caminharmos juntos. Que através desses caminhos que fazíamos juntos, primeiro segurando as duas mãozinhas até que você pudesse caminhar sozinho, depois com apenas uma mão, você iria descobrir o mundo ao meu lado. 

E hoje quando te vejo, no auge dos seus 3 anos, quando quer mostrar algo importante para alguém faz questão de pegar na mão da pessoa e levar até o lugar que você quer mostrar. Amo seu jeito filho. Seu jeito de valorizar o toque. De amar ser massageado. De gostar de segurar na mão das pessoas. De precisar de contato humano. De gostar de dançar de mãos dadas. 

Gosta tanto do toque que bater não é tão ruim para você. Temos trabalhado juntos esse seu desejo desenfreado por tocar e apertar  que ás vezes vem sem medida… Você entende… se frustra, baixa os ombros, mas entende… depois passa. Seu timing é rápido. Se chateia, chora, baixa os ombros, fica num canto, mas logo depois já está sorrindo, correndo, pulando, solto, leve, livre. Até precisar de novo encontrar aconchego em mim. 

Sei que você não é mais meu bebê e nem quer ser. Quer ser um menino grande de qualquer jeito. Talvez porque veja seu irmão mais velho fazendo coisas que você também quer fazer.
Eu querendo que você fique bebê só por mais algum tempinho.
E você querendo ser grande o quanto antes.
É claro Beny que você veio para me mostrar que não posso controlar nada nem ninguém. E também para me ensinar tantas outras coisas. E sei que se você fosse um menino com asas você sairia voando a qualquer momento.
Porque você é livre. Muito diferente de mim. Muito parecido com o seu pai. Personalidade forte. Toque forte.
Meu bambam. 

Espero que minhas mãos continuem te levando para caminhos de felicidade e alegrias meu filho. E saiba que hoje em dia, quando vc deita em mim e segura minha mão eu sinto paz, amor e plenitude. Saiba que minhas mãos sempre estarão aqui para você. Te conto que nos primeiros anos da sua vida você vai precisar mais delas… mas mesmo quando você não precisar mais, elas estarão aqui para você. Ansiosas por uma dança. Com você. 

8 de outubro de 2014

LOUCURAS DE MÃE

Nestes 6 anos maternando, fui desenvolvendo algumas habilidades inimagináveis por mim, antes de parir... parece que quando você se torna mãe, vc automaticamente ganha mais alguns braços, mãos e sentidos extras.... coisa de E.T., mutante, louco, chame como quiser, mas coisas inexplicáveis acontecem no corpo e no cérebro das mães e elas ganham sim, um poder e força extraordinários de sobreviver a determinadas situações...

Deixo alguns exemplos aqui:

PODER DE BEIJINHO DE CURA MUTANTE: este é um super poder que você ganha toda vez que da um beijinho em cada micromachucadinho que seu filho faz e conta pra ele com tanta certeza que depois do beijinho vai melhorar e  que como mágica: melhora!

TRAVADOR DE NARIZINATOR: um poder de não sentir cheiros indesejáveis nas trocas de fraldas, nas horas de limpar os filhos no banheiro e nas 7898766 vezes em que é vomitada, desta forma esta habilidade te torna capaz de não vomitar em todas estas situações e continuar linda exercendo sua função materna;

RIDICULINATOR: um dom que você ganha de se tornar ridiculamente engraçada todas as vezes que precisa contornar uma situação com a criança em questão... você pula, dança, canta, arranca sorrisos, gargalhadas e quebra qualquer gelo ou birra que possa ter se instalado dificultando assim a relação;

SENSOR DE DOENÇAS: este é um botãozinho que é ativado TODAS, eu disse T O D A S ás vezes em que seu ou seus filhos ficarão doentes.... não me pergunte como, mas ele é acionado e vc simplesmente sabe quando seu filho vai ficar doente, é como se fosse um SENSOR PREMUNINATOR DE VALTER MERCADO ou MÃE DINAH, mas ele existe e é simples assim... hummmm ele ta quentinho, hummm não dormiu bem essa noite, hummmm ta estranho.... bom mãe sabe...

ACUMULATOR SACO DE OURO: é um poder de criar um saco infinito que nele cabem INFINITAS situações difíceis, chatas e malcriações que você facilmente encerraria a relação com qualquer outra pessoa na face da terra que te desse esse tanto de trabalho e desaforo, mas como se tratam dos seres que sairam da sua barriga por quem você tem um amor INCONDICIONAL e capaz de aguentar tudo, com esse poder você é capaz de suportar durante a vida toda coisas chatas, difíceis e ainda ter o outro poder que vou citar logo abaixo de contornar todas elas com maestria... (bem, nem todas elas ...)

CONTORNATOR : com este poder as mães conseguem contornar as situações mais difíceis com os filhos e transforma-las em aprendizado para os dois. Desta forma o que parecia insolúvel e altamente difícil nível avançado, se dissolve com o contornator de problemas e situações indesejáveis;

TRANSFERINATOR DE FELICIDADE: este é um poder legal pra caramba, é um poder que faz com que todas as vezes que aquela criaturinha estiver feliz, a felicidade vai ser sua também, ou seja não bastasse as vezes que você está feliz, mas quando seu filho estiver feliz você também estará... delícia!

SILENCIADOR DE CHAMADAS: quando você se torna mãe, você consegue chamar seu filho por umas 25 vezes seguidas e ele não ouvir, eu consigo definir este como o poder de silenciar sua voz e seu filho simplesmente ignorar o chamado até que você use o outro poder que vou citar abaixo para conseguir resolver um chamado:

GRITADORINATOR DE BRONCA: quando você aciona o gritadorinator sua voz muda de naturalbornmother para naturalmorherzilla e seu filho imediatamente percebe que a corda vai estourar para o lado dele, imediatamente ele desliga o silenciador de chamadas e te atende prontamente;

PODERINATOR DE LARGATIXA E POLVO MUTANTE: CENA 1: você está sozinha em casa, o bebê fez um cocô giga, daqueles que vazam até o colchão do berço, seu filho mais velho decide fazer cocô simultâneo, o telefone toca e você quer fazer xixi... você coloca um no banheiro, limpa a bomba atômica do outro, deixa o telefone tocar, e volta pra limpar o outro.... sem querer vc acaba dando conta de tudo, menos do telefone, ok..... CENA 2:você está no carro, o telefone toca, cada filho em uma cadeirinha, um quer salgadinho o outro quer água, um espirra e quer limpar o nariz e o outro quer fazer cocô: não me pergunte como mas este poderinator te faz ter 8 braços para limpar o nariz, pegar o salgadinho, a água, dirigir e falar no telfone, isso só é possível graças a esse poder, mas o cocô, ah o cocô claro que este vai ser na hora que você estiver onde não existir um banheiro limpo próximo e depois de você ter perguntado 72 vezes antes de sair de casa quem queria ir ao banheiro;

MOTHERZILLA: este é o poder que você ganha para defender seu filho de toda e qualquer situação, mesmo que esta lhe faça perder, inclusive, a dignidade.

INTERRUPTORINATOR DE REFEIÇÃO EM RESTAURANTE: este é um poder que seu filho aciona todas as vezes que vocês vão a um restaurante almoçar e chegam os pratos na mesa: ele vai querer fazer xixi ou cocô neste exato momento. SEMPRE.

MONOTEMATICNATOR SUBJECT: o poder que te domina de querer falar e dividir as coisas mais incríveis do dia a dia destes serzinhos fantásticos, te tornando um tanto quanto monotemática, fazer o que?

PLAYMOBIL ATIVATOR: o poder de te transformar em um playmobil quando no meio da noite sua cama é invadida por algum filho (ou por todos eles)  que se espalha em todo o espaço que existe e vc consegue dormir nas posições mais esdrúxulas que poderia supor numa fresta de colchão que sobrar...

Dentre muitos outros poderes que a gente desenvolve sendo mãe, o amor faz a gente realmente fazer coisas impensáveis...  mesmo assim, descobrimos que somos capazes de coisas que antes nem existiam nos nossos pensamentos...  mas afinal, ser arrebatada por um louco amor não te faz fazer loucuras e parecer louca a maior parte do tempo? E viva a loucura mais consciente que existe!

23 de julho de 2014

O LEITOR E O PEQUENO CURIOSO


Era uma vez um menininho que se apaixonou pelas letras. Um dia ele aprendeu a juntar todas elas. No outro ele percebeu que juntas elas viravam palavras. Pouco tempo depois estas palavras saiam daquelas mãozinhas diretamente para o papel. Ele mesmo se assustava com suas produções. E queria mais. Todo dia mais. Escrever mais... Bilhetes, cartinhas, notas, listas, caderno de estudos...

Mas não sabia como olhar para elas e entender o que aquele amontoado de letras nos livros significava.
Perguntava o que estava escrito aqui. Passava o dedo pelas linhas e se pegava fingindo ler as frases decoradas nas páginas dos livros que ele conhecia tão bem.
Mas um belo dia, depois de mais muitos dias, ele descobriu a leitura. 

O mundo se abriu. 
Admirável mundo novo se abriu. 
Uma luz naquela cabecinha se ascendeu. 
E então as palavras viraram frases, como magia... e o pensamento foi chegando depois meio sem jeito pra contar pro menino o que aquilo tudo queria dizer. O pequeno leitor se maravilhava com a possibilidade de saber o que estava escrito em todos os lugares. 
Nos álbuns, na tv, nas placas, nos livros, na lista de telefones de emergência.
Emoção pura daquele menino. E da mãe dele, claro. Que não cansava de vibrar a cada frase feita, cada trechinho concluído. 

Esse menino, o leitor,  tinha um irmão. Pequeno e curioso. Que tudo observava. Que tudo queria fazer, que tudo queria repetir. Mas que ainda era pequeno do tamanho de um botão. Porém, ao ver essa movimentação pela casa, com o irmão leitor... ele tratava de reproduzir a cena pedindo para a mãe dizer o que estava escrito aqui, ou acolá. Solicitava papel e lápis para escrever uma carta. Para fazer um desenho. E no meio de lindas garatujas existia uma intenção linda. Uma curiosidade infinita. Um olhinho brilhante. Sedento para crescer e aprender a ler e escrever como o irmão dele. 
A mãe, que no caso é a mesma do pequeno leitor, também vibrava cada vez que o pequeno curioso passava aqueles mini dedinhos pelos livros dizendo que estava escrito blablablablablabla aqui e zigzagzigzag lá. 
Ela também batia infinitas palmas quando recebia um papel todo rabiscado que ele dizia que havia feito uma carta para ela.

A mãe guardava todas as cartinhas deles em uma caixinha. Como relíquias. Desde os primeiros rabiscos, garatujas fantásticas, até as mais elaboradas, até o primeiro cartão escrito mamãe. Pinturas de dedinhos, telas coloridas, trabalhos mais elaborados, colagens, recortes, desenhos. Todas as manifestações artísticas destes dois meninos tinham valor imenso para aquela mãe. Até quadros algumas dessas artes viraram, e ficaram expostas na sala da casa deles como obra de arte. 
Porque para ela eram verdadeiramente obras de arte. Da mais pura e querida arte. Daquelas que tocam o coração.
E ela sabia bem lá no fundo, que com o passar dos dias e dos anos, aquele ser pequenino do tamanho de um botão iria começar a juntar as letras e depois as palavras... e a luzinha colorida na cabeça dele também se ascenderia.... e neste dia ele iria começar a se deliciar com a possibilidade de ler o mundo. 

A maior certeza do coração da mãe do leitor e do pequeno curioso era de que a leitura, seria o primeiro passo para os dois meninos começarem a desbravar o mundo, primeiro através dos livros, e depois com uma mochila nas costas.

24 de abril de 2014

MOTHER

Dia das mães se aproximando, eu convoco você "mamain" que acha que ser mãe é padecer no paraíso, você que morre de culpa e de amores, você que é equilibrista pra tentar dar atenção, presença e amor para os seus filhos além de ser gente, trabalhar, e viver, você que é muito mãe, você que é mãe louca, mãe que cuida, mãe que surta, mãe control freak, natural born mother... essa é pra vc!
Deixo essa música que super amo e me identifico


MOTHER - do Pink Floyd

Mother

Mother, do you think they'll drop the bomb?
Mother, do you think they'll like this song?
Mother, do you think they'll try to break my balls?
Mother, should I build the wall?

Mother, should I run for president?
Mother, should I trust the government?
Mother, will they put me in the firing line?
Is it just a waste of time?

Hush now, baby, baby, don't you cry
Momma's gonna make all of your nightmares come true
Momma's gonna put all of her fears into you
Momma's gonna keep you right here under her wing

She won't let you fly, but she might let you sing
Momma's gonna keep baby cozy and warm

Oh, baby
Oh, baby

Oh, baby, of course momma's gonna help build the wall

Mother, do you think she's good enough
For me?
Mother, do you think she's dangerous
To me?
Mother, will she tear your little boy apart?
Mother, will she break my heart?

Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna check out all your girlfriends for you
Momma won't let anyone dirty get through
Momma's gonna wait up until you get in
Momma will always find out where you've been
Momma's gonna keep baby healthy and clean

Oh, baby
Oh, baby

Oh, baby, you'll always be baby to me

Mother, did it need to be so high?


para ver o clipe e ouvir esse amazing som na íntegra clique aqui:


https://www.youtube.com/watch?v=wBkTUzKAiXQ

15 de abril de 2014

DEVANEIOS SOBRE VALORES E AMOR











Esses dias assisti um vídeo chocante sobre os exemplos que a gente dá para os filhos diariamente, sem perceber. Haviam coisas como cigarro, bebidas, gritos, agressões, etc. Depois que fui mãe fico muito penalizada quando vejo alguma criança sofrendo por alguma razão. Tento diariamente mostrar para os meus filhos que as pessoas devem ser tratadas com amor, respeito, que a gente deve tentar conseguir as coisas com calma, pedindo por favor, sem gritar, sem chorar. Tento mostrar que não se pode ter tudo, que não podemos comprar tudo, e que isso não deve ser um problema. Tento ensinar valores. Os valores da nossa família. Tenho um grande parceiro nesta jornada e estamos juntos tentando mostrar para os nossos filhos que é mais importante SER do que TER... numa sociedade onde isso está invertido, fica difícil, mas não impossível. Da trabalho educar. Muito trabalho. Seria bem mais fácil fazer todas as vontades dos filhos, porque isso é simplesmente um "cala a boca" que em dois segundos parece que resolve tudo. Mas não resolve. É só uma maneira de não resolver nada. Se você realmente quiser que aquilo não ocorra novamente você vai precisar se esforçar mais, e aguentar choros, birras, questionamentos, explicar uma, duas, mil vezes o porque de aquilo não ser possível naquele momento. Mas ele vai entender. E vai aprender.

Educar da trabalho mas vale a pena. Quando você ve seu filho pedindo por favor e agradecendo por qualquer m ínima coisa que alguém fez para ele, respeitando as pessoas e sendo gentil, da um orgulho danado. Não é só porque é bonito ver seu filho fazendo aquilo, mas porque você está conseguindo criar um ser humano íntegro, educado, sensível, bom. São os valores que você consegue embutir naquele serzinho e que começam a fazer parte dele. No judaísmo se diz Ledor Vador, que significa "de geração em geração", isso são os valores que as famílias vão passando para seus filhos ao longo da existência. Tudo muda o tempo todo, mas os valores permanecem. E a tradição é mantida. Uma das grandes realizações de se ter filhos é o sentimento de continuidade. É você saber que de alguma forma colocou seu melhor dentro de uma pessoa que já tem as porções dela (boas e ruins) e junto com tudo isso se formou um ser. Parte de você. Que vai caminhar sozinho. Que vai receber tudo o que puder de seus pais para trilhar seu caminho sozinho. E você torce para que seja o melhor caminho possível e que ele encontre um potinho de ouro no final do arco-íris e que ele consiga ver o arco-íris.

Estes dias estava ouvindo Renato Russo com os meninos. Estava apresentando para eles a música "Monte Castelo".  Eu quero que meus filhos aprendam sobre o amor e saibam que é a coisa mais importante que existe. Ao mesmo tempo não quero criar uma ilusão de ótica sobre o amor. Quero que eles sintam o amor, que eles saibam que são amados, e que eles consigam amar as pessoas de uma forma livre. Feliz. Quero que eles saibam que a vida é só uma. Que doses diárias de felicidade fazem bem. Que todo dia é dia de aprender e recomeçar. Que nem todo mundo é bom mas nem por isso vamos mudar de mundo. Que tem muita gente legal e querida na nossa vida e no nosso caminho. Que estar vivo é um presente. Que ter esta família é um privilégio. Que a gente erra muito todos os dias. Que não devemos desistir de tentar. Que a gente não precisa ser bom em tudo. Que se a gente não perdesse nunca não saberia como é legal ganhar. Que a natureza e maravilhosa e perfeita. Que esta é a nossa chance, abrace-a! Que é preciso muita paz e calma nessa hora. Que ajuda é bem vinda. Que os amigos são a família que a gente escolhe. Que o amor movimenta tudo o que existe. 


27 de janeiro de 2014

PEQUENO MENINO GRANDE


Hoje é seu primeiro dia de aula na primeira série e quem chora de emoção sou eu. Quem fica ansiosa sou eu. Quem fica imaginando sua carinha neste admirável momento novo sou eu. Tento não passar minha ansiedade para você, tendo em vista que você é um menino que odeia mudanças. Que resiste. Que tem um tempo único tão seu de se adaptar as coisas novas. Pensar como você cresceu e já está nesta nova fase escolar, nesta nova fase de vida, com quase 6 anos me da um orgulho enorme e assusta. Assusta porque ontem a noite você era um bebê punk lindo de olhos azuis que fazia o maior sucesso na materidade. Porque antes de ontem você era um bebezinho sorridente banguela que não chorava por quase nada. Porque há alguns dias você aprendia a sentar, engatinhar, bater palmas, andar, pular, correr e hoje quando te vejo tomo um susto. Porque você é pequeno de tamanho mas muito grande de todo o resto. Menino de coração gigante. Menino de pensamentos grandes e sentimentos maiores ainda. Menino de sensibilidade tão aguçada que quase incomoda, menino de radar ligado que detecta as menores palavras, as menores coisas. Menino que me ensina que as pessoas são diferentes e especiais, e que precisamos de novas estratégias diárias para lidar com as lágrimas que aparecem e as preocupações que assustam. Como eu já disse: você é pequeno no tamanho filho, mas você é um ser humano gigante.
Obrigada por ter me escolhido para ser sua mãe. Tenho muita sorte. E sei que tenho muito trabalho pela frente. Prometo que sempre vou fazer o meu melhor, e muitas vezes sei que vou errar com você filho, como errei ontem quando me distraí olhando o amigo que chegava e não te segurei do trepa-trepa de mão, e você caiu. E ficou inconformado como eu tinha me distraído e não focado em você. Você tem toda razão. Eu errei. Vacilei. Mas sou humana. E nem sempre consigo fazer tudo da melhor forma. Mas prometo que faço o melhor que cabe em mim.  E tenha certeza que mesmo quando eu errar, eu vou ter errado tentando acertar (no caso do parquinho foi distração mesmo). Prometo ficar atenta filho. E prometo te amar infinitamente e incondicionalmente por essa vida e por todas as outras. Toda sorte no seu lindo caminho e tenha certeza de uma coisa: eu sempre vou estar aqui para você.